A inteligência artificial está evoluindo rapidamente — e já não é mais um assunto reservado aos filmes de ficção científica ou às salas de reunião do Vale do Silício. Na noite de ontem, o programa Otvoreno, da HRT, levou o debate ao horário nobre, reunindo os principais líderes do setor de tecnologia para discutir como a IA está transformando o nosso mundo.
Entre as vozes de destaque estava o cofundador da Sofascore e presidente da CISEx, Ivan Bešlić, cuja experiência com dados esportivos e inovação digital trouxe uma visão concreta sobre o potencial real da IA. Ele esteve ao lado de Martina Silov (CroAI), Ratko Mutavdžić (HUP) e Hrvoje Josip Balen (Algebra), que também compartilharam suas perspectivas sobre o impacto da IA em diferentes setores.

“Hoje, a IA parece o nascimento da era dos smartphones”
Bešlić comparou o atual boom da IA à chegada dos smartphones em 2010 — uma época marcada por empolgação, curiosidade e um bom tanto de confusão. “As pessoas não entendiam completamente o que os smartphones se tornariam. Foi a mesma coisa com os primeiros computadores. Agora, estamos vendo uma mudança parecida com a IA.”
Sua comparação não era apenas técnica — era também humana, então ele disse com um sorriso:
“Lembro da minha infância em Klinča Sela, quando os telefones fixos chegaram pela primeira vez. A gente ligava pros vizinhos pra fazer trote, dizendo que as galinhas tinham fugido pro jardim. Aquilo também era um mau uso da tecnologia. Com cada nova ferramenta, existem momentos de confusão e até de fraude. Mas isso sempre fez parte do processo de aprendizado.”
Ivan Bešlić, cofundador e CSO da Sofascore
Na Sofascore, IA não é teoria — é prática. “Fomos um dos primeiros no setor de dados esportivos a usar IA para coletar e processar grandes volumes de informação. E dado é o novo ouro — mesmo a melhor infraestrutura não serve de nada sem dados de qualidade”, destacou Bešlić.
O que torna a Sofascore única? “São as pessoas. Trabalhamos com especialistas, incluindo doutores que vieram diretamente do meio acadêmico para se juntar a nós. Foi assim que fizemos a IA funcionar na vida real.” E quanto ao futuro da plataforma? “Zlatko e eu ainda temos muitas ideias que queremos desenvolver. Vender a Sofascore nem passa pela nossa cabeça.”

A IA está substituindo empregos — ou criando novos?
À medida que as ferramentas de inteligência artificial se tornam mais poderosas, crescem também as preocupações com a segurança no trabalho. Bešlić reconheceu essa mudança, mas preferiu focar nas oportunidades.
“Desenvolvedores seniores poderão escrever código muito mais rápido com a IA. Mas também precisamos apoiar a próxima geração — jovens que estão saindo da universidade e entrando no mercado de trabalho com a IA como ponto de partida. Eles vão precisar de mentores que entendam tanto a tecnologia quanto o lado humano do trabalho.”
Ivan Bešlić, cofundador e CSO da Sofascore
Martina Silov, presidente da CroAI, adotou uma visão otimista: “Cerca de 100 novas startups de IA foram lançadas na Croácia, todas contratando suas próprias equipes. Isso é geração de empregos em tempo real.” Ela observou que mais de 500 empresas na Croácia estão ativamente envolvidas com IA — tornando o país um líder regional e um dos mais fortes da Europa em relação à sua população.

Hrvoje Josip Balen, fundador da Algebra, argumentou que os medos em torno da perda de empregos muitas vezes são exagerados. “É como dizer que a linha de montagem destruiu empregos na indústria automobilística. Isso simplesmente não é verdade. A IA vai eliminar cerca de 7 milhões de empregos — mas deve criar 9 milhões de novos globalmente. O saldo final é positivo.”
Ratko Mutavdžić, que lidera o grupo de trabalho sobre IA na HUP, fez um lembrete histórico: “A IA existe desde os anos 1950. Passou por altos e baixos. O que mudou recentemente foi a chegada dos modelos generativos, como o ChatGPT — foi isso que a trouxe para o centro das atenções.”
“Sempre vamos precisar de pessoas — esse é o ponto”
Apesar da rápida evolução da IA, Bešlić não vê uma ameaça real de que as máquinas substituam totalmente os humanos. “Mesmo durante este programa, há dez pessoas nos bastidores fazendo tudo funcionar. Vamos precisar de pessoas por muito, muito tempo.”
Ele também compartilhou como a Sofascore usa a IA para melhorar a experiência dos fãs. “Estamos sempre desenvolvendo algo novo. Por exemplo, quando um usuário abre nosso app, queremos sugerir partidas que estejam acontecendo perto dele — não só os jogos grandes que passam na TV. Esse tipo de personalização aproxima os fãs de suas comunidades esportivas locais.”
Olhando para o panorama mais amplo da tecnologia na Croácia, Bešlić — como presidente da CISEx (Associação Croata de Exportadores Independentes de Software) — compartilhou alguns dados animadores: “Os exportadores de software croatas aumentaram suas receitas em 12% no ano passado. Mas, com os custos de pessoal e de energia em alta, parte desse crescimento pode desacelerar. É aí que a IA vai fazer diferença. As empresas que souberem usá-la com inteligência e eficiência sairão na frente.”

Conclusão: a IA não é uma ameaça — é uma ferramenta
Dos trotes nostálgicos às recomendações esportivas em tempo real, Ivan Bešlić vê a IA não como uma ameaça, mas como um acelerador do potencial humano.
“Tempos empolgantes estão por vir,” disse ele. “E sim — ainda vamos precisar das pessoas.”