Entrevista Exclusiva Sofascore: Fabrizio Romano

“Here We Go” — E Nunca Fora do Ar

Sofascore: Fabrizio, bem-vindo ao nosso novo episódio de A Guest and a Half, a série original do YouTube da Sofascore. Obrigado por estar conosco.

Fabrizio: Muito obrigado pelo convite. É um grande prazer estar aqui.

Sofascore: Só um aviso — se o seu celular tocar, fique à vontade para atender. Todo mundo quer saber como você trabalha e, vai saber, talvez a gente capture uma exclusiva.

Fabrizio: (risos) Vamos ver o que acontece.

Maldivas, Mas Com Wi-Fi

Sofascore: Vamos voltar um pouco no tempo. Você tirou férias recentemente — algo que você raramente faz. Maldivas, certo?

Fabrizio: Sim, embora eu não chamaria de férias de verdade. Foi mais como trabalhar de um lugar lindo. Eu chamo de férias 2.0. Claro, você pode curtir lugares incríveis, e para mim, quando tem Data FIFA, é uma chance de sair da rotina diária e trabalhar de uma forma mais relaxada. É realmente necessário. E voltei com ainda mais força.

Sofascore: Então esse é o seu “período de férias”, enquanto o resto de nós está na praia em julho?

Fabrizio: Exatamente. O verão é guerra de transferências. Não dá para relaxar. Cada minuto conta. Mas em março, outubro ou novembro, há um pouco mais de respiro. Ainda assim, não é descanso total — sempre tem algo como Trent Alexander-Arnold e Real Madrid. Mas dá pra lidar com isso num ambiente mais tranquilo.

Sofascore: Quando foi a última vez que você desligou o celular?

Fabrizio: A última vez que desliguei meu celular eu tinha uns 14 ou 15 anos. Então… nunca mais.

Entrevista Exclusiva Sofascore: Fabrizio Romano

Transferências, Timing e Trent

Sofascore: Você acabou de mencionar Alexander-Arnold de forma casual. Entre nós — vai rolar?

Fabrizio: Acho que vai acontecer. Honestamente. Está muito avançado. Faltam apenas os últimos passos formais agora. Precisa assinar o contrato, finalizar a documentação… mas, neste ponto, eu ficaria chocado se não acontecer. O Real Madrid está muito confiante. Acredito que será a primeira grande contratação da janela de verão.

Sofascore: E isso é só o começo da janela, certo?

Fabrizio: Com certeza. Vai ter muito mais. Este verão vai ser muito movimentado. Especialmente por causa da Copa do Mundo de Clubes. Isso vai mudar o timing da janela. Vamos ver muita ação no fim de maio, começo de junho. Depois, os clubes vão focar nos jogos e só retomam quando a nova temporada estiver prestes a começar. Então, comparado aos anos anteriores, quando o mercado esquentava mais tarde, desta vez o início da janela será explosivo.

Here We Meme Again

Sofascore: Hora de algo mais leve — memes. Selecionamos alguns que te envolvem. Primeiro: “Três palavras, oito letras — diga e eu sou seu.”

Fabrizio: (risos) “Here we go!” Eu adoro esse. É engraçado porque as pessoas me mandam mensagens pedindo gravações para casamentos ou ocasiões especiais. Toda vez que isso acontece, eu penso — isso é inacreditável. Nunca imaginei isso quando comecei.

Sofascore: E você faz?

Fabrizio: Claro que faço. É só mandar mensagem.

Sofascore: Vamos cobrar. Próximo: “Torcedores de futebol confiam mais neste homem do que em suas namoradas.”

Fabrizio: (risos) É isso que me dizem nos estádios, na rua. Acho bom que as pessoas confiem em jornalistas. Mas também é uma responsabilidade. Esse tipo de confiança me motiva. Quando dizem que eu trabalho 20 horas por dia — é por isso. Não é só um trabalho. É uma paixão.

Sofascore: Último: “Não se preocupe, ele é bom em guardar segredos.”

Fabrizio: Isso é verdade, na real. As pessoas acham que eu posto tudo. Mas a parte mais difícil do meu trabalho hoje não é descobrir as notícias — é decidir quando compartilhar. É preciso saber gerenciar o timing. Conheço muitas pessoas no futebol hoje — jogadores, agentes, diretores — e não quero causar problemas. É sobre coordenação. E isso leva tempo. Mas às vezes, esperar significa perder a exclusividade. Então sim, eu guardo segredos. Muitos.

Entrevista Exclusiva Sofascore: Fabrizio Romano

Segredos, Estresse e Noites Sem Dormir

Sofascore: Qual foi o segredo mais difícil de guardar?

Fabrizio: Boa pergunta. Lembro de um em particular. Era sobre o Chelsea. Eles estavam procurando um jogador ofensivo, e a mídia listava 50 nomes. Uma loucura. Aí, às 3 da manhã, recebo uma ligação. Alguém me disse que era o Cole Palmer, do Man City. Mas pediu — não poste até 11 ou 12 da manhã. Eu fiquei tipo: “Como vou esperar tanto?” Era só alguns dias antes do fim da janela. Não consegui dormir. Gostei demais daquela notícia. Foi uma surpresa. Quando finalmente postei, as pessoas não acreditaram. Aquela sensação — quando a notícia cai e as pessoas reagem — é indescritível. Mas foi muito difícil guardar.

Sofascore: E já aconteceu o contrário? Você esperou, e outro jornalista publicou primeiro?

Fabrizio: Acontece toda semana. Por exemplo, com o Trent Alexander-Arnold, eu tinha muitas informações recentemente, mas não quis postar nada porque o Liverpool estava num momento delicado. Um ano atrás, eu disse que o Real Madrid estava monitorando ele. Então fiquei satisfeito com isso.

Autoavaliação – Da Precisão às Divididas

Sofascore: Vamos passar para a seção chamada “Autoavaliação”.

Fabrizio: Perfeito!

Sofascore: É um típico sistema de notas Sofascore — de 3 a 10. Temos 12 categorias. Sete são voltadas ao jornalismo, cinco ao futebol. Fiz um ajuste personalizado só pra você.

Fabrizio: Obrigado! Vamos nessa.

Sofascore: Primeiro — contatos.

Fabrizio: 10! Essa aí eu domino. Contatos — ninguém pode dizer nada!

Sofascore: Objetividade?

Fabrizio: 8,2. É um dos maiores desafios. Tento sempre ser objetivo, mesmo quando estou no estádio e vejo um golaço. Às vezes, dá vontade de tuitar “Eu amo esse jogador!” — e isso é humano — mas objetividade é sempre super importante.

Sofascore: Precisão?

Fabrizio: Vamos dizer 8,1. Não mais. Dá pra errar — já errei — e isso faz parte do trabalho. Transferências podem desmoronar no último segundo. Um jogador muda de ideia. Os clubes mudam os termos. Eu diria 80% de precisão, talvez até 75%. Não tenho estatísticas, mas deve ser minha média.

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Transferências que Deram Errado e Mudanças de Ideia

Sofascore: Você considera essas “falhas” culpa sua?

Fabrizio: Às vezes, sim — especialmente nos primeiros anos, quando eu era mais jovem. Lembro de ter forçado um pouco a história do Jadon Sancho no United. Não estava fechado. Eu não disse “Here we go”, mas me empolguei. Outras vezes, não é culpa minha — como no caso do Messi.

Sofascore: A transferência para o PSG?

Fabrizio: Exatamente. O Messi estava na sede do Barcelona para assinar o novo contrato. Estava tudo acertado. E de repente, desmoronou. Regras da La Liga. Problemas financeiros. Ninguém esperava — nem ele. O mesmo com o Dembélé indo pro PSG.

Ou no caso do Hakim Ziyech com o PSG. Último dia da janela. Estava tudo certo. Mas o Chelsea não enviou os documentos a tempo. O negócio caiu. As pessoas me culparam porque eu disse que o Ziyech estava em Paris. Mas ele estava. Estava fazendo os exames médicos. Por isso sempre digo: se você quer só informações oficiais, atualize os sites dos clubes. Eu conto a verdade em tempo real, mas não posso assinar contratos por eles.

Sofascore: E a internet sempre esperando você escorregar.

Fabrizio: Hoje em dia eu lido melhor com isso. Com 22 ou 23 anos? Eu ficava louco. Mas o Mourinho disse — nem Deus agradava todo mundo. Então… 80% tá bom.

Ética Acima de Tudo

Sofascore: Integridade ética?

Fabrizio: Nove. É o mais importante pra mim. As pessoas falam de tudo — “Você é pago por jogadores”, “Você esconde coisas”. Se alguém tiver prova, traga. Eu fecho minha conta na hora. Tenho amigos na indústria — claro — mas nunca ultrapasso a linha.

Sofascore: Top cinco amigos?

Fabrizio: Nunca vou te contar. (risos) Mas sim, conheço jogadores como o Erling Haaland desde que ele era garoto. A gente trocava mensagens quando ele ainda estava no Salzburg. Essa amizade cresceu com o tempo, mas nunca deixei que afetasse meu trabalho.

Sofascore: Transparência?

Fabrizio: Dez. Tudo o que faço tem meu nome, meu rosto. As pessoas sabem onde moro, podem me encontrar. Não estou escondido em Dubai ou algo assim. Certo ou errado, eu assumo cada palavra.

Sofascore: Habilidade com entrevistas?

Fabrizio: Sete. Não é meu foco principal. Quero melhorar. Isso leva tempo e experiência — não dá pra acordar um dia e ser excelente em entrevistas. Mas já fiz muitas desde os tempos da Sky Sport e gosto de aprender com cada uma.

Sofascore: Independência?

Fabrizio: Onze. Faço tudo sozinho. Sem equipe, sem filtro. Isso dá mais trabalho — mais do que um emprego normal. Mas foi a vida que escolhi. Amo futebol, e amo fazer do meu jeito.

Entrevista Exclusiva Sofascore: Fabrizio Romano

Dominando Fora de Campo — E Dentro de Campo?

Sofascore: Agora vamos falar de futebol. Conhecimento técnico?

Fabrizio: 6,5. Eu amo tática — sério, sou obcecado — mas não sou treinador. Já escrevi matérias táticas antes, converso com técnicos com frequência, mas é mais paixão do que especialização profunda.

Sofascore: Técnico favorito no aspecto tático?

Fabrizio: Antonio Conte. É meu ídolo — a obsessão, a precisão. Admiro muito como ele constrói seus times.

Sofascore: Técnica?

Fabrizio: Três. Ou talvez quatro. (risos) Não sou um bom jogador — nem em futebol society. Sou mais um defensor clássico italiano do que um cara habilidoso.

Sofascore: Desarme?

Fabrizio: Nove. Esse é meu jogo. Cresci vendo Cannavaro, Baresi, Maldini, Costacurta, Materazzi. Mesmo os defensores medianos da Itália eram excelentes. Isso tá no meu DNA.

Sofascore: Velocidade?

Fabrizio: Três. Zero velocidade em campo. Mas sou muito rápido com as notícias.

Sofascore: Precisão nos chutes?

Fabrizio: Sete. Eu era obcecado por chutes fortes — jogadores como o Alex, do Chelsea. Adoro aqueles golaços precisos.

Sofascore: Não foi você que marcou nas Maldivas?

Fabrizio: (risos) Foi, mas aquele foi fácil.

Sofascore: Nota final?

Fabrizio: 7,7. Nada mal. Menor que o Podolski — mas gosto do número sete. Então estou feliz.

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Categorias do Futebol: De Ronaldinho a Juninho, os Escolhidos de Todos os Tempos de Fabrizio

Sofascore: Normalmente temos essa parte onde passamos por categorias típicas do futebol. Eu vou te dar uma habilidade, e você me diz o primeiro jogador que vier à sua mente — sua escolha para o melhor naquela categoria.

Fabrizio: Ok, me dá um segundo… e posso mencionar jogadores que eu não vi ao vivo, mas li sobre ou assisti vídeos?

Sofascore: Claro — manda ver!

Sofascore: Primeiro: velocidade.

Fabrizio: Eu vou com Garrincha. Li muito sobre o futebol brasileiro, e tudo que li fazia ele parecer inacreditável. Então sim — Garrincha.

Sofascore: Resistência?

Fabrizio: Javier Zanetti. Ele tinha todas as qualidades, mas a consistência dele era inacreditável. Jogando 38 partidas por temporada, sempre no mais alto nível — incrível.

Sofascore: Técnica?

Fabrizio: Ronaldinho. Para a minha geração, ele era tudo. Me lembro de vê-lo treinando na praia perto do Camp Nou quando eu estava lá com minha família. Voltei pra casa e comprei todos os livros dele, camisas, tudo. Ele me fez me apaixonar pelo futebol.

Sofascore: Visão?

Fabrizio: Andrés Iniesta. Mas deixa eu adicionar também o Toni Kroos. Iniesta estava lá quando comecei a assistir futebol, mas nos últimos anos, tenho admirado muito o Kroos. A mentalidade dele é algo à parte. Se aposentar com a Champions League nas mãos em Wembley — inacreditável. Eu inclusive já tinha a informação antes, mas esperei por respeito. De tanto que o admiro.

Sofascore: Passes longos?

Fabrizio: Andrea Pirlo. O que ele fez com o Milan foi insano. Também com a Juventus e com a seleção. Quando os italianos pensam em passes, pensamos em Pirlo — e na visão dele também, claro.

Sofascore: Desarmes?

Fabrizio: Gennaro Gattuso. O tempo dele era especial — não só o que ele fazia, mas quando ele fazia. Ele sabia quando o time precisava de intensidade, e um desarme dele sempre passava a mensagem certa. Lembro de um desarme do Conor Bradley em Anfield que teve uma reação maior do que um gol — esse é o poder do tempo certo. Gattuso tinha isso.

Sofascore: Cruzamentos?

Fabrizio: Luís Figo. O que ele fez no Real Madrid com cruzamentos — fantástico. É o nome que me vem à cabeça.

Sofascore: Finalização?

Fabrizio: Cristiano Ronaldo. Ele é uma máquina. Quando se trata de finalização, ele está em outro planeta. Não só da nossa geração — de muitas.

Sofascore: Potência de chute?

Fabrizio: Roberto Carlos. A gente cresceu com aquelas cobranças de falta. Aquele gol contra a França… histórico. E ele era lateral-esquerdo fazendo aquilo! Inacreditável.

Sofascore: Precisão no chute?

Fabrizio: Leo Messi. A precisão dele é arte — não tem outra palavra.

Sofascore: Bola parada?

Fabrizio: Juninho Pernambucano. Essa era exatamente a minha geração. Lembro de vê-lo ao vivo no Lyon — eu estava lá com minha família, e ele fez um gol de falta. A emoção foi incrível. Naquela época, não dava pra assistir todo jogo como hoje. Então ver aquilo ao vivo foi especial. Também quero mencionar o Pirlo aqui — mas já usei ele antes!

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O Quiz: Do Guardanapo do Messi ao Primeiro Furo sobre Mauro

Sofascore: Agora é hora do quiz. Estamos buscando três respostas finais, e para cada uma delas, você vai receber três pistas — da mais difícil à mais fácil. Vamos começar com a primeira.

Fabrizio: Ok, tô com medo porque eu sou péssimo em quiz!

Sofascore: Primeira pista — um guardanapo que foi vendido por quase um milhão de euros.

Fabrizio: (risos) Messi!

Sofascore: Correto. Segunda pista — ele tem 34 milhões de seguidores. E terceira — ele tem 17 vezes mais seguidores do que você.

Fabrizio: (risos) É verdade. Justo.

Sofascore: Conta um pouco sobre a sua entrevista com o Messi.

Fabrizio: Quando o Messi entrou na sala, eu senti como se tivesse completado minha carreira. Eu cobri ele e o Cristiano por anos, as lendas da minha geração. Mas encontrá-lo, conversar com ele de verdade, foi diferente. Ele foi incrivelmente humilde, gentil com todos, até nos bastidores. Me perguntou sobre o Napoli, sobre a Itália. Ele não estava com pressa. Você espera que uma lenda como ele seja rápido, distante. Mas ele estava relaxado, escutava. Para mim, aquilo foi impagável. E me fez admirá-lo ainda mais.

Sofascore: Comparado a outros superastros, o que mais chamou atenção?

Fabrizio: A humildade. A simplicidade. E o jeito como ele tira tempo para as pessoas. Isso foi o que mais ficou comigo.

Messi, Cristiano e Maradona: Nada de Comparações — Só Aproveite a Grandeza

Sofascore: Hoje em dia, sempre que você fala do Messi, a conversa muda imediatamente para o Cristiano Ronaldo. E aí vem a grande pergunta — quem é melhor? Não vou te perguntar isso… a menos que você queira responder.

Fabrizio: (risos) Sempre dou a mesma resposta: Diego Maradona. Eu sou de Nápoles — então pra mim, sempre vai ser o Diego. Mas sinceramente, eu não sou muito fã de comparações no geral.

Sofascore: Por que você acha que temos tanta obsessão em comparar?

Fabrizio: Não sei. Eu sempre digo — quando você tem duas lendas, seja no futebol ou no tênis ou em qualquer outra coisa — só aproveite. Muito em breve, quando os dois se aposentarem, acho que a gente vai olhar pra trás e perceber que gastamos tempo demais discutindo quem era melhor, quem era pior. Enquanto isso, alguns de nós estavam só curtindo cada momento — cada gol, cada toque de mágica.

Sofascore: Então, pra você, é mais como apreciar uma obra de arte?

Fabrizio: Exatamente. É como entrar num museu e ver duas obras de arte lindas. Você não discute qual é a melhor. Você admira as duas. Você destaca os pontos positivos, não os negativos. É assim que eu vejo o Messi e o Cristiano. Eles nos deram algo único.

Sofascore: Dito isso, alguns fãs do Cristiano já te acusaram de distorcer o que ele diz — pra fazê-lo parecer arrogante. Qual sua resposta?

Fabrizio: Eu entendo a paixão deles. Mas posso dizer isso — assista no Netflix. Tem um documentário sobre a Saudi Pro League, e eu falei do Cristiano por uma hora. Falei dele da melhor forma possível. Já o encontrei algumas vezes, mais recentemente na Arábia Saudita. Ele estava jogando e veio até mim e disse: “Grande Fabrizio.”

Sofascore: Uau.

Fabrizio: É — pra mim, isso foi como ganhar uma medalha. Um momento especial. Foi um tipo diferente de emoção em relação ao encontro com o Messi, mas tão forte quanto. Ele foi super gentil, muito tranquilo. Então pode confiar — se eu tivesse falado algo negativo sobre ele, ele não teria me cumprimentado daquele jeito.

Sofascore: Então você não está no time do Messi nem no time do Ronaldo?

Fabrizio: Nenhum time. Não sou pró-Cristiano, não sou pró-Messi. Tive a sorte de conhecer os dois nos últimos seis ou sete meses. Então eu só sou grato. Vamos aproveitar — dentro e fora de campo — enquanto ainda podemos.

Entrevista Exclusiva Sofascore: Fabrizio Romano

O Amor pelo Watford

Sofascore: Vamos seguir em frente. Próxima pergunta. Estamos procurando dois clubes. Primeira dica — um deles é o Watford.

Fabrizio: (risos) Ok, já sei onde isso vai dar. O outro é o Napoli.

Sofascore: Correto! Você é de Nápoles, mas também torce para o Watford. Qual é a história?

Fabrizio: É engraçado. Quando eu era jovem, o Napoli estava na terceira divisão, então era difícil se conectar. E eu jogava muito videogame. O Watford tinha donos italianos, então adotei o clube como um segundo time. Depois, quando o Troy Deeney marcou aquele gol icônico contra o Leicester, eu enlouqueci. Virei fã. E ainda sou.

Sofascore: Rodada final do quiz. Primeira dica — jogou com Maresca, Cambiasso, Nemanja Vidić e Kylian Mbappé.

Fabrizio: Hmm… difícil.

Sofascore: Segunda dica — um atacante prolífico. Sete hat-tricks, três jogos com quatro gols. Um desses foi contra seu ex-time, com nota 9.5 no Sofascore.

Fabrizio: Ok, tá começando a fazer sentido.

Sofascore: Terceira dica — transferido do Barcelona para a Sampdoria, o contrato oficial saiu no verão, mas você deu o furo no inverno de 2010.

Fabrizio: Mauro Icardi. Essa foi minha primeira grande história. Foi uma loucura. Tinha um cara que trabalhava perto de La Masia. Ele queria virar agente. De algum jeito, conseguiu meu número. Eu tinha 16 ou 17 anos, escrevia para um site minúsculo. Ele me disse: “Tem um garoto, Mauro, número 9, indo para a Sampdoria de graça.”

Sofascore: E você deu o furo?

Fabrizio: Sim. Ninguém ligou no começo. Ninguém sabia quem ele era. Mas depois ele começou a marcar gols. Mais tarde, o mesmo cara me disse que ele tinha assinado com a Inter — que seria a última contratação do Moratti como presidente. Eu publiquei a história. Explodiu.

Sofascore: E depois?

Fabrizio: Meu primeiro dia na Sky Sport. Pediram para eu encontrar o Icardi em Milão, tirar uma foto e tentar falar com ele. Liguei pro mesmo cara — ele disse que o Mauro estava fazendo um ensaio da Dolce & Gabbana. Fui até lá. Consegui a entrevista. Levei de volta. Essa foi minha primeira exclusiva, e o começo de tudo.

Os Maiores Furos e a Pressão por Trás Deles

Sofascore: Qual foi o seu maior furo de reportagem?

Fabrizio: Tuchel substituindo o Nagelsmann no Bayern. Ninguém esperava por isso. O Bayern estava no topo da Bundesliga, indo bem na Europa. Recebi uma ligação tarde da noite: “Vai acontecer agora.” Eu não acreditei. Levei horas para confirmar. O Bayern não respondia. Isso tornava tudo ainda mais suspeito. No fim, fui com a informação. Publiquei a história. Depois o clube confirmou e o Hasan Salihamidžić, diretor do Bayern, ficou furioso comigo. O Nagelsmann descobriu depois que eu publiquei. Ele estava de férias na neve com a namorada. Fiquei com pena, mas profissionalmente — foi enorme.

Sofascore: Qual foi a repercussão?

Fabrizio: Lothar Matthäus disse: “Como é possível que um italiano tenha isso antes da imprensa alemã?” Causou ondas na Alemanha. Mas me mostrou o quanto eu tinha avançado.

Sofascore: Tem mais algum?

Fabrizio: Zidane deixando o Real Madrid. Foi emocionante. Eu amo o Real Madrid. E o Zidane é uma lenda. Ser o primeiro a reportar isso — inesquecível.

Sofascore: E a famosa história Brighton–Cucurella?

Fabrizio: Aquilo foi insano. O Brighton soltou um comunicado basicamente dizendo que eu estava errado. A galera nas redes sociais veio com tudo pra cima de mim. Mas eu sabia que o acordo estava fechado. Tuitei: “Vamos ver quem mentiu.” Dois dias depois, o Chelsea confirmou. Aquilo foi meu momento Champions League.

Sofascore: E o retorno do Cristiano ao Manchester United?

Fabrizio: Aquilo foi insano. Todo mundo achava que ele ia para o City. Eu sabia que ele estava esperando o United. Quando aconteceu, entrei ao vivo no Twitch. 98 mil pessoas assistindo. Foi como estar num estádio. Nunca vou esquecer.

Sofascore: Qual seria seu momento dos sonhos de “Here we go”?

Fabrizio: Fazer um ao vivo de dentro de um estádio. Imagina 70 mil torcedores, e pá — eu mando um “Here we go” ao vivo. Esse é o sonho.

Fontes, Segredos e a Busca pela Precisão

Sofascore: Você pode dizer que tipo de pessoas são suas fontes?

Fabrizio: Pode ser qualquer um. Diretores de clube, agentes, jogadores. Mas também — alguém num restaurante. Um garçom. Um recepcionista de hotel. Um amigo de um amigo. Você recebe uma dica. Checa. Verifica. Aí talvez, publica. Mas não dá pra ter pressa.

Sofascore: Então você não sai publicando tudo na hora?

Fabrizio: Jamais. Às vezes alguém me manda uma foto de um técnico com um jogador. Eu espero. Confirmo. Aí sim eu publico. É assim que se constrói confiança. E é por isso que eu ainda estou aqui.

O Quadro: Reis da Resenha, Estrelas da Festa e Gênios do Futebol

Sofascore: Vamos para algo um pouco diferente — nosso quadro especial. Você já viu antes. Temos alguns rótulos e queremos que você atribua nomes a eles. Primeiro: “Cara tranquilo.”

Fabrizio: Eu vou de Dean Huijsen. Ele é muito tranquilo, super calmo. Uma presença serena dentro e fora de campo. Estou realmente impressionado com ele. Um jogador jovem chegando ao Bournemouth, Premier League, zagueiro — não é tarefa fácil. Mas ele está lidando com isso muito bem. Acho que vai ser uma grande disputa por ele no verão.

Sofascore: “Sempre bravo”?

Fabrizio: Antonio Conte. Sem dúvida. Sempre cobrando, sempre exigindo mais. E digo isso no melhor sentido. Ele é o motivador supremo. Sempre quer o melhor para o time. Nunca se conforma.

Sofascore: O mais estiloso?

Fabrizio: Jules Koundé. Toda vez que vejo fotos dele indo para jogos ou treinos, o estilo está simplesmente perfeito. Classe total.

Sofascore: Festeiro?

Fabrizio: (risos) Neymar. Acho que não estou revelando nada novo aqui. Ele sempre foi alguém que sabe se divertir. Dentro de campo, fora de campo — aquele estilo brasileiro.

Sofascore: Quem ama vegetais?

Fabrizio: Erling Haaland. Ele é incrivelmente rigoroso com a dieta. Uma máquina. Mas de vez em quando, curte uma comida italiana — carbonara, por exemplo — mas só uma vez por ano, talvez.

Sofascore: Viciado em doces?

Fabrizio: (risos) Não faço ideia, sinceramente. Eu mesmo não sou, então realmente não sei.

Sofascore: Treina 24/7?

Fabrizio: Ivan Perišić. O que ele fez depois da lesão, voltando ao mais alto nível com a idade que tem — é inspirador. Rompeu o ligamento cruzado anterior, voltou para a Croácia, para o Hajduk, muita gente achou que ele estava acabado, mas ele voltou, jogando e marcando gols na Champions League novamente. Ele é uma máquina, mentalmente e fisicamente.

Sofascore: Futuro treinador?

Fabrizio: Luka Modrić. Ele é um gênio do futebol. A forma como ele lê o jogo, a liderança, a inteligência — acho que ele seria um técnico incrível um dia. Não sei se ele vai escolher seguir esse caminho, mas tem todas as características.

Sofascore: Capitão?

Fabrizio: Fabio Cannavaro. Sem dúvida. Me lembro claramente — eu tinha uns 15 anos quando ganhamos a Copa do Mundo. E mesmo com essa idade, eu conseguia sentir o que ele representava.

Sofascore: Piadeiro?

Fabrizio: Cristiano Ronaldo. Quando o encontrei recentemente na Arábia Saudita, ele estava incrivelmente simpático, tranquilo e fazendo piadas. Isso realmente me surpreendeu de forma positiva. Não é algo que você espera de alguém com o perfil dele.

Sofascore: Coração valente?

Fabrizio: Gavi. Esse garoto se joga em todas. Guerreiro total. Vi ele jogar depois de uma lesão feia, e ainda assim estava entrando nas divididas como um veterano.

Sofascore: Nunca satisfeito?

Fabrizio: Já falei do Conte, mas vou adicionar o Lamine Yamal aqui também. Apesar de tudo que já conquistou — Golden Boy, gols importantes pelo Barça, campeão europeu — ele continua se esforçando, treinando com seriedade, mantendo a humildade. Se ele mantiver essa mentalidade, vai virar uma lenda.

Gol de Placa: A Origem do “Here We Go”

Sofascore: Vamos falar do seu bordão — “Here we go.” Como tudo começou?

Fabrizio: Totalmente por acaso. Sem agência de branding, sem plano. Eu só comecei a colocar no final dos tweets. As pessoas adoraram. E funcionou — simples, direto. Isso diz aos torcedores que a negociação está fechada. Não em andamento, não em negociação — fechada.

Sofascore: As pessoas gritam isso pra você na rua?

Fabrizio: O tempo todo. Em todo lugar. Nem me chamam pelo nome — só gritam “Here we go!”

Sofascore: Você se vê como uma celebridade agora?

Fabrizio: Não, de forma alguma. Sou só um jornalista. Amo o que faço. E amo futebol. Só isso.

Sofascore: Última pergunta. Qual é o seu momento de “gol de placa” na história do futebol?

Fabrizio: Como jogador — a “Mão de Deus” do Maradona. Minha família sempre falou disso. Faz parte da nossa história. Como treinador — o Mourinho. A forma como ele usava a comunicação pra vencer, proteger os jogadores, construir narrativas. Genial. E depois o Guardiola — pela tática. Tivemos sorte de viver nessa era.

Sofascore: Fabrizio, obrigado. Foi um prazer.

Fabrizio: Obrigado por me receberem. Ótima conversa. E claro… Here we go.