A partida recente contra o Lecce pode marcar um ponto de virada para a Juventus. No Allianz Stadium, diante de sua torcida, os Bianconeri conquistaram três pontos importantes ao vencer o Lecce por 2 a 1. Mas não foi só o resultado que contou — foi a maneira como jogaram.
O toque de Igor Tudor está ficando cada vez mais evidente: intensidade, jogo vertical, pressão alta e uma identidade forte. A Juventus começa a se parecer consigo mesma novamente.

A partida mostrou não apenas uma mudança técnica, mas também uma virada mental. Tudor não revolucionou completamente o time — ele apenas tirou a poeira de um elenco cheio de qualidade e trouxe de volta a coragem e a fome. Sua assinatura agora está claramente visível em campo.
Prazer em ver jogar
A Juventus dominou a primeira parte do jogo, atacando com uma intensidade renovada. A abordagem foi confiante, agressiva mas sem caos, organizada e sempre mirando o gol. A formação-base continuou sendo um 3-4-2-1, mas com ajustes inteligentes: alas avançados quando com a posse, meio-campistas prontos para atacar, e dois armadores — Yıldız e Thuram — livres para circular entre as linhas e criar chances.

O primeiro gol surgiu de uma pressão intensa no meio-campo, seguida por um passe vertical rápido de Dušan Vlahović para Koopmeiners, que dominou e finalizou com força: 1 a 0. Um gol que resume perfeitamente a ideia de futebol de Tudor — recuperar a bola no alto e atacar direto.
O segundo gol veio no segundo tempo, mais uma vez começando com Vlahović, que encontrou Kenan Yıldız: domínio, giro rápido e finalização limpa. Aplausos de pé.
As estatísticas confirmaram o domínio da Juve: 22 finalizações contra 14 do Lecce, 670 passes certos (contra 336) e 9 escanteios. O time criou duas grandes chances e teve um total de 1,56 em Expected Goals (xG) — números que revelam uma equipe agressiva e eficiente.
Mudança de mentalidade
Uma das maiores diferenças em relação à era Thiago Motta é a atitude. Com Thiago, o foco estava na posse de bola bem trabalhada, mas o time frequentemente perdia força nos momentos decisivos. Com Tudor, a filosofia é outra: menos passes, mais impacto. Os jogadores são incentivados a partir pra cima, aceitar os erros e reagir com personalidade.

Após abrir o placar, a Juventus continuou atacando em vez de recuar. O gol sofrido aos 87 minutos (marcado por Baschirotto) foi mais consequência do desgaste físico do que da postura. E com 13 duelos vencidos, o time mostrou entrega e espírito de luta.
Yıldız, a luz que brilha
O camisa 10 é o símbolo técnico dessa nova Juventus. Tudor o transformou imediatamente em peça-chave. Contra o Lecce, ele não apenas marcou, mas também mostrou qualidade, criatividade e uma maturidade surpreendente.

Yıldız joga como quem nasceu para os holofotes, mas ainda quer evoluir. Tudor o descreveu como “um jogador com luz nos olhos.” Hoje, ele comanda as transições, encontra espaço entre as linhas e até ajuda na marcação. Aos 19 anos, já é o líder criativo da equipe.
Com 3 finalizações, 2 dribles bem-sucedidos e 1 gol, ele foi decisivo em todas as partes do jogo.
Vlahović: uma nova versão
Dušan Vlahović não marcou, mas foi um dos melhores em campo. Sob o comando de Tudor, ele está mais envolvido no jogo como um todo. Recuou, abriu espaços e deu passes decisivos. Uma assistência para Koopmeiners, outra para Yıldız — ambas mostram um grande salto em sua visão de jogo e maturidade. Pelos critérios da Sofascore Rating, ele foi o Jogador da Partida, encerrando com uma nota altíssima: 8.3.

Agora ele ajuda a construir as jogadas, não apenas a finalizá-las. Está mais central no esquema da equipe, mais generoso e mais concentrado. Também pressionou forte para recuperar a bola, contribuindo diretamente para a jogada do primeiro gol.
Khéphren Thuram, o motor rugindo
Um dos jogadores mais constantes e importantes foi Khéphren Thuram. Atuando em uma função híbrida entre meio-campista e meia ofensivo, ele trouxe força física e inteligência tática. Alternou arrancadas potentes com posicionamento estratégico, ajudou na pressão e na recuperação, e manteve o ritmo alto nos momentos decisivos.
Não marcou e nem deu assistências, mas foi uma peça silenciosa e essencial na estrutura da equipe.
Subindo na tabela e mirando a Champions League
Com essa vitória, a Juventus subiu para a quarta colocação. A disputa por vagas na Champions League segue aberta, mas a Juve parece ter algo a mais agora: confiança, espírito coletivo e uma identidade clara.

Faltam seis partidas, algumas bem complicadas. Mas com essa união e nova energia, a Juventus pode, sim, sonhar seriamente com o top 4.
Tudor, coração e cérebro
A figura central por trás de tudo isso é Igor Tudor. Não apenas pelos resultados, mas pelo impacto humano e tático. Ele deu alma ao time — com ideias claras, treinos intensos e comunicação direta. Não está tentando impressionar ninguém — apenas vencer. E está funcionando.
Não é um técnico midiático, mas é alguém que lê bem o jogo e escolhe os jogadores certos. A Juventus voltou a correr, a pressionar, a jogar com propósito. Esse mérito é dele.
A primeira assinatura — mas não a última
Esse jogo contra o Lecce pode ter sido o primeiro vislumbre real da “Juventus de Tudor”. Uma identidade visível, funções claras, consistência tática e fome de vencer. É só o começo. Mas como toda assinatura, já deixou sua marca. E se as coisas continuarem nesse ritmo, o clube pode confiar a ele um projeto de longo prazo. Porque agora, finalmente, a Juventus tem algo a dizer.
E Tudor está escrevendo isso — página por página.